Furar ou não furar a orelha do bebê? - Cabeça de Criança

Furar ou não furar a orelha do bebê?

Furar ou não a orelha do bebê? / Foto: Pixabay



Foto: Imagem de tung256 por Pixabay

A cantora Thaeme, da dupla Thaeme e Thiago, foi alvo de polêmica na semana passada quando postou no Instagram uma foto de sua filha com a orelha furada, com cerca de duas semanas e meia de idade.

Muitos seguidores criticaram a cantora por ter furado a orelha do bebê tão cedo. Já outros fãs defenderam a decisão da artista.

A cantora Thaeme Mariôto mostra sua bebê com a orelha furada com duas semanas de vida / Foto: Reprodução Instagram
A cantora Thaeme Mariôto mostra sua bebê com a orelha furada com duas semanas de vida / Foto: Reprodução Instagram

Mas afinal, pode furar a orelha do bebê ou não? Até alguns anos atrás, a grande maioria das meninas tinha a orelha furada assim que nascia. Muitas vezes isso acontecia na própria maternidade, inclusive.

Mas, ultimamente, muitos pais estão refletindo sobre essa prática e decidindo esperar que a filha cresça e decida ela mesma sobre intervenções em seu corpo.

Conversamos com a pediatra e acupunturiatra Márcia Yamamura, chefe do ambulatório de acupuntura e pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), para sanar as dúvidas mais comuns dos pais.

“Em primeiro lugar, precisamos pensar: qual é a necessidade de furar a orelha do bebê tão cedo?”, questiona a médica.

Necessidade verdadeira não há, já que as razões para furar a orelha do bebê são ou estéticas ou de identificação de gênero.

Mas um dos argumentos mais usados pelos pais que decidem a furar a orelha de seus bebês tão cedo é que eles vão poupar as meninas de sentirem dor, já que acreditam que, quanto mais cedo isso acontecer, menos dor a criança vai sentir.

Para Márcia, essa crença não corresponde à realidade. “O bebê sente dor igual, a única diferença é que ele não tem o componente subjetivo e emocional da dor”, diz a médica.

Sabe quando a gente vai no dentista, fica nervoso, e aí o tratamento dói mais, mesmo com anestesia? É mais ou menos esse o componente subjetivo da dor.

Segundo a pediatra, a cartilagem do bebê, por ser menos espessa, é mais fácil sim de ser perfurada, mas isso não significa que a criança não vai sentir dor ou que está menos propensa a infecções.

Aliás, esse é o maior risco de furar a orelha do bebê tão cedo: o de desenvolver irritações ou infecções. No início da vida, o bebê ainda está se adaptando ao mundo exterior. E um corpo estranho em seu organismo, como o brinco, é mais um fator de estresse. Além da dor e de poder deixar a orelha sensível e irritada, a furação pode provocar uma infecção mais séria.

Portanto, a pediatra indica que, se os pais realmente quiserem furar a orelha do bebê, que esperem pelo menos completar dois ou três meses, pois a criança já estará mais adaptada ao mundo e também terá um sistema imunológico mais fortalecido, reduzindo o risco de infecções.

Outra dica é procurar um lugar confiável para fazer o furo, ou seja, consultórios médicos ou clínicas, que sejam empresas de verdade, com CNPJ, e que tenham um diretor técnico ou enfermeira responsável.

Também é importante verificar se a clínica usa materiais descartáveis e esterilizados e se o profissional usa luvas.

Para aqueles que desejam ter um cuidado extra, pode-se procurar entre essas clínicas uma que ofereça os serviços de médicos acupunturiatras ou de enfermeiras treinadas para localizar pontos importantes de acupuntura. Segundo Márcia explica, a orelha é um microssistema do organismo e tem diversos pontos que correspondem a partes do corpo e que são usadas em tratamentos.

Um profissional com treinamento em acupuntura vai saber identificar um ponto que não corresponda a nenhuma parte do corpo para ser furado para o uso do brinco.

Hoje em dia se fala muito também em “furo humanizado”. Essa prática envolve aspectos como tomar muitos cuidados com higiene e assepsia, utilizar a acupuntura para furar no “lugar certo” e fazer a perfuração em momentos que o bebê está mamando ou distraído de alguma outra maneira. Mas nada garante que o bebê não vá sentir dor ou que o furo não vai inflamar.

Agora, se os pais decidiram não furar a orelha, a criança cresceu e quer usar brincos, todos esses cuidados de escolher bem o local e prestar atenção nas condições de higiene também se aplicam. “O risco de desenvolver uma infecção é igual para crianças maiores e até adultos”, diz Márcia. Ou seja, nada de furar na casa da pessoa que está prestando o serviço ou em um estúdio de piercing clandestino, certo?

Nesses casos, das crianças maiores, o profissional pode aplicar uma pomada anestésica para aliviar a dor. Já no caso de bebês, não é recomendável usar anestésicos.

Em resumo, essas são as dicas:

– Se for realmente furar a orelha da bebê, esperar até ela completar pelo menos dois ou três meses;

– Procure uma clínica ou consultório médico especializado, com diretor técnico ou enfermeira responsável;

– Verifique se o profissional utiliza brincos de materiais que reduzem a chance de provocar alergias, como ouro ou aço inoxidável, e se as tarraxas são do ripo que tampam a “pontinha” do brinco que fica para fora da orelha;

– Se quiser ter um cuidado extra, verifique se nesta clínica existem profissionais especializados em acupuntura, para que eles identifiquem “pontos neutros” para a furação;

– Se o furo infeccionar, leve a criança em um médico para avaliar a necessidade de tratamento ou até de tirar o brinco permanentemente.

 

 

 

 

 

 

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